terça-feira, 6 de abril de 2010

O problema dos enfoques: relato da aula do dia 01/04

A aula foi apresentada pelo professor Alex Primo, nela foi exposto o conteúdo do texto "Enfoques e desfoques no estudo da interação mediada por computador", de autoria do professor. A proposta do texto é examinar o conceito de 'interação' (ou de 'interatividade') através dos diversos enfoques que o conceito recebeu na literatura. Os enfoques são agrupados conforme alguma característica distintiva de sua abordagem (como 'transmissionista', 'informacional', 'tecnicista' e etc.) para então serem criticados e rejeitados. No final é oferecido aquele que seria o enfoque adequado para compreender o conceito de 'interação' (ou de 'interatividade').

Interação é uma palavra cujo significado é vago, ao menos se observado nos contextos de seu emprego corriqueiro. Interação pode significar uma relação física entre corpos (como a troca de calor) como pode também significar uma conversa entre duas pessoas. Interação parece ser uma versão menos ampla de 'relação', toda interação seria um tipo de relação; porém, nem toda relação seria um tipo de interação. Estar à uma distância x de certa cidade é um tipo de relação, mas não um tipo de interação. Para que haja interação não é essencial apenas a existência da relação, mas também a existência de algum tipo de reciprocidade, de partilha potencial entre os elementos da interação. É preciso que exista alguma propriedade em comum, como o calor no caso da interação térmica.

Qualquer relação com reciprocidade potencial constitui uma interação? Relação com reciprocidade potencial, embora possa não ser condição suficiente para a ocorrência de interação, certamente parece condição necessária. Nenhum dos enfoques do texto (inclusive aquele defendido pelo professor) contraria isto. O que se percebe é que no intento de fornecer as condições necessárias e suficientes para que algo seja uma interação, ocorrem refinamentos contextuais (onde o contexto seria uma área de investigação científica). Por exemplo, uma interação física (que seria compreendida como uma relação entre corpos, forças ou qualquer outra coisa que faça parte do inventário teórico da física) seria diferente de uma interação social (que se dá entre agentes sociais) e ambas seriam ainda diferentes de uma interação econômica (que pode suceder entre instituições).

O problema se torna, então, a ideia de que uma destas noções de interação deve se tornar a noção, isto é, a tentativa de reduzir todas as outras noções de interação para apenas uma é equivocada. É natural que haja uma pluralidade de diferentes aplicações do termo interação, e tal pluralidade deve ser preservada na medida em que cada emprego for cientificamente enriquecedor.

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