segunda-feira, 25 de abril de 2011

Os desafios do uso da comunicação na era digital

Na aula do dia 19/04 foi discutido o uso das tecnologias da comunicação por organizações e todo o seu contexto tendo como ponto de partida o artigo Comunicação Organizacional na era digital: contextos, percursos e possibilidades, de Margarida M. Krohling Kunsch. 

Focamos mais a aula nos blogs como ferramenta de comunicação organizacional, função em crescente uso e destaque nas empresas por sua capacidade de alcance, mobilização e baixo custo.  Vimos como o alcance vai além do uso interno, mas também como a seu uso na comunicação externa tem grande capacidade de demonstrar transparência dos empreendimentos para seus stakeholders,algo essencial nos dias de hoje. Como exemplo de caso se pode observar a blog da Petrobras Fatos e Dados, uma contramedida usando o formato blog para fornecer não só informações, mas exercer seu direito de respostas de forma rápida as matérias dos jornais.

Não deixando de lado o uso interno das ferramentas de comunicação para respaldo e mesmo para organização estratégica de trabalhos locais e de equipes em outros países, a forma com que se usam as mídias eletrônicas para se comunicar com seu público alvo mudou o relacionamento com o público e também deveria ter mudado a importância dada à área de comunicação nas empresas, algo que ainda engatinha em muitas empresas. 


Todas essas novas configurações do ambiente social global vão exigir das organizações novas posturas, necessitando elas de um planejamento mais apurado da sua comunicação para se relacionar com os públicos, a opinião pública e a sociedade em geral.” (Kunsch)

Posturas e importância estas em falta no recente caso da empresa Arezzo, onde não só a falta de um estudo sobre a situação da cultura ambiental brasileira a respeito do uso de peles animais reais, como também a reação precipitada as criticas massivas no Twitter e outras redes sociais causaram destaque nacional e prejuízo na imagem da empresa. 

Resposta da Arezzo no Facebook e mais recentemente na Folha de S.Paulo: 

“Não entendemos como nossa responsabilidade o debate de uma causa tão ampla e controversa.” (Arezzo em nota ) 

“A pele de raposa usada nos produtos é de criatório, não é de animal selvagem, não tem dano nenhum a natureza, isso é que dá sustentabilidade, é o uso gerenciado e controlado, mas gerou essa polêmica toda que acho que deve ter sido feita por ambientalistas de plantão com os quais não vou me expor para debater isso, tirando o foco do grande trabalho que a gente tem em uma coleção de inverno maravilhosa com milhares de outras possibilidades.” Presidente e fundador do grupo Arezzo, Anderson Birman
Link da entrevista completa da Folha: http://bit.ly/dTz6Tk 

Nesse ponto a Arezzo parece ter esquecido que o ponto dos ambientalistas e dos direitos dos animais não é se os animais são criados ou não em cativeiro, mas sim que são criados e mortos apenas para gerar peles para uma quantidade contestável da sociedade que vê nisso sinal de status social, uma vez que existem peles sintéticas há anos. 
A postura da empresa não só na comunicação da campanha, mas na falta de estudo sobre a área de peleteria no Brasil, e no despreparo para lidar com a resposta da comunidade online demonstram muito do que Kunsch escreve em seu artigo. Sendo um exemplo visível da falta de visão estratégica da comunicação ainda vigente nas empresas, com raras exceções. E de como isso pode custar caro não só em dinheiro, a Arezzo recolheu os produtos de pele de raposa e parou a campanha publicitária a nível nacional, mas em capital social ao perder apoio dos clientes de seus tradicionais sapatos.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mídias Sociais

A análise relativa aos blogs por Raquel Recuero fala sobre a origem do termo “blog”, junção de web e log (arquivo web). Ele era usado para definir os sites que  “colecionavam” e divulgavam links que, no seu início eram muito poucos,  mas com o passar dos anos foram tendo uma maior divulgação e uma variação de funções, até atingir a importância que têm hoje. Atualmente é difícil definir um blog, normamente suas características são a ordem cronológica inversa, o espaço reservado para comentários, e as atualizações com certa regularidade. Tais definições são muito discutidas e não há uma mais correta que a outra, o fato é que ninguém define ao certo o que é um blog, mas todos sabem o que é um blog quando vê um.

Os blogs, apesar de terem perdido sua caracterísca de “diários pessoais” publicados na internet, continuam com a característica de personalização “os blogs, mesmo aqueles que não têm como característica a expressão da opinião do autor, são personalizados.”. Ou seja, ainda são formas de publicação que expressam o individual em público.

Outras apropriações dos blogs atualmente são: o uso do blog com fins jornalísticos, em coberturas de guerras ou com blogs de colunistas; o uso institucional para fins promocionais e de pesquisa; e o uso cada vez mais recorrente de blogs como redes sociais constituidas através dos comentários e links percebidos como interação social.

Em seu texto sobre redes sociais, Recuero fala sobre como, com a advento da internet, começam a surgir os sites de redes sociais. Não devemos confundir redes sociais com sites de redes sociais. Temos redes sociais a partir do momento que articulamos conexões sociais em qualquer plataforma, pessoamente, online, por carta, etc. Entretanto, o site de rede social permite que as redes sociais sejam mais dinâmicas, sendo formado por duas estruturas básicas: os atores e as conexões. 

Em uma relação social pessoal, os atores são constituídos de maneira mais clara, já nas redes sociais pela internet o papel dos atores não fica muito discernível e surge a necessidade da construção de identidades virtuais, ou a configuração de seu perfil público. As conexões dessas relações online são constituidas pelos laços sociais, que são formados pela relação entre os atores. Essas conexões são o principal foco de estudo das redes sociais pois são suas variações que alteram as estruturas dos grupos sociais. “Essas interações [como um comentário em um blog, por exemplo] são, de certo modo, fadadas a permanecer no ciberespaço, permitindo ao pesquisador a percepção das trocas sociais mesmo distante”.

Internet e Chocolate

Na época de Páscoa, em que os pecados do cacau povoam o imaginário popular, sempre lembro como se fosse ontem quando minha madrinha que mora na Serra me trouxe um lindo coelho de chocolate, tipo, MAIOR QUE EU! (pq tudo parecia maior naquela época) Ele veio recheado de ovinhos e com um laço de chocolate branco no pescoço, tudo artesanal, lindo, saboroso e gordo, como a Páscoa deve ser.

Entretanto, no resto do ano, dificilmente encontramos ovos e coelhos, então recorremos a um Batom, um Stikadinho, uma barra de Hershey's branco com cookies, pq é mais rápido e prático, sem abrir mão do sabor.

E é mais ou menos isso que vem acontecendo com a internet - e vcs pensando que eu só queria falar de doces -, os blogs possibilitaram que pessoas comuns passassem a ser produtoras de conteúdo e formadoras de opinião a níveis globalizados. Porém, estamos na era do clique, do rápido, do instantâneo, e se nem nosso intestino consegue acompanhar mais o ritmo, com as tecnologias não é diferente.

O surgimento dos microblogs marcou o abandono e posterior "falecimento" de muitos blogs. como o meu. As redes como Twitter, Jaiku e Plurk, com seus 140 caracteres, e outras como Tumblr e suas postagens à distância de um clique, acabaram caindo como uma luva na falta de tempo e paciência dos interneteiros, não só por serem mais fáceis, mas por facilitarem o acesso ao próximo assunto, além de proporcionarem muito mais interatividade entre os usuários. Mas isso não significa que os blogs acabaram, acredito que melhoraram, uma vez que quem está disposto a produzir com qualidade continua lá, e tem a merecida audiência.

As ferramentas alimentam umas às outras e trabalham em caótica harmonia: blogueiros indexam os feeds do seu twitter no blog e twitteiros linkam posts que acham interessantes, não se perde conteúdo. Assim como os ovos de Páscoa vem recheados de bombons que você pode levar pra comer escondido na aula quando quiser, e seus bombons preferidos levam à escolha de seu(s) ovo(s) de Páscoa. No fim, tem chocolate pra todo mundo!


domingo, 10 de abril de 2011

Transmidiação e cultura participativa

A transmidiação das narrativas, sobre a qual Henry Jenkins discorre em seu livro “Cultura da Convergência”, consiste em adaptar uma produção (um filme ou um livro, por exemplo) para outras mídias. Jenkins usa o filme Matrix (1999) para falar no assunto; o longa-metragem fez tanto sucesso que exigiu, além de duas continuações - Matrix Reloaded (2003) e Matrix revolutions (2003) – versões para videogame e animações.

Outro bom exemplo de transmidiação acontece com o seriado The Simpsons, de Matt Groening. O desenho animado fez tanto sucesso entre o público após seu lançamento que foram fabricados, ao longo dos anos, inúmeros tipos de produtos baseados na série para agradar aos mais diversos nichos. São livros, jogos de tabuleiro, miniaturas, roupas, vídeo-games e até mesmo um longa-metragem, produzido recentemente. Não necessariamente, porém, esses produtos são totalmente fiéis ao desenho animado que inspirou sua criação. E não precisam ser, como afirma Jenkins em seu texto; quem assiste a The Simpsons, por exemplo, provavelmente irá gostar da versão em filme, mas pode não se interessar pelos livros que envolvem a série.

Porém, embora tenham sido usados acima um filme e uma série para falar em transmidiação, é possível relacionar o tema com a cultura participativa atual do público com instituições variadas. Explico: um jornal, por exemplo, como comentado em aula e reforçado pela colega Ana Carolina em seu texto, usufrui muito da recente prática de interatividade entre o leitor e a própria instituição. Foi citado o caso do jornal Zero Hora, o qual inicialmente distribuía apenas material impresso e, hoje, conta com website, Twitter, página no Facebook, entre outros meios que facilitam o contato com o leitor. Essa transmidiação do jornal concedeu grande abertura para a interação do público com a empresa. Assim, a colaboração do leitor não só com sua opinião, mas também com informações que podem ser agregadas às matérias elaboradas pelos jornalistas, mostra que o público não se satisfaz mais com a simples assimilação de informações; ele quer participar do processo de formação dessas últimas.

Tanto quanto os jornais, é comum hoje em dia que também as empresas que comercializam produtos e/ou serviços busquem uma maior proximidade com seu público. Há muito que o contato com o público não se restringe mais aos comerciais veiculados em mídia impressa ou na televisão. Além dos tradicionais SAC feito por telefone e o espaço para envio de mensagem no site, a maioria das corporações possui atualmente uma conta no Twitter para estabelecer contato direto com o consumidor. O uso dessa ferramenta demonstra preocupação com a opinião, comentários ou sugestões do público – que chega até a instituição através dos replies –, além de conferir certa credibilidade à empresa quando esta se mostra interessada nas manifestações dos seus consumidores.

Evidentemente, através da perspectiva mercadológica, é fácil compreender que, mais do que simplesmente mostrarem-se atenciosas com seu público, as empresas buscam a transmidiação como uma oportunidade de interagir com a sociedade das mais diversas formas para divulgar e fixar sua marca na lembrança do consumidor. Comerciais na televisão, nas revistas, virais no Youtube e posts no Twitter complementam-se a fim de transmitir plenamente ideias e informações. Um comercial da Havaianas que faz referência a sexo e que foi proibido na televisão, por exemplo, está disponível no Youtube – vale lembrar que a proibição do comercial e disponibilidade do mesmo na rede aumentaram a popularidade da propaganda em questão. A transmidiação, nesse caso, obteve êxito. Todavia, é necessário cuidado na administração dessa multiplicidade de ferramentas midiáticas.

Um exemplo disso é o caso da Skol, que ocorreu em setembro de 2010. No Twitter, a marca de cerveja soltou: “Vários “#FF” na timeline, alguém sabe o que isso quer dizer?”. A enxurrada de respostas do público foi enorme; todos indignados por acreditar que a Skol não tinha conhecimento de que o #FF servia para indicar, nas sextas-feiras, pessoas a serem seguidas no Twitter. Ao que a Skol responde “#FF significa que hoje é sexta-feira!!” (em outras palavras, mas a essência é a mesma). Como se vê, a intenção do tweet que gerou a polêmica foi boa, no entanto, muito passível de ser mal interpretada, e por pouco não se tornou um atestado de total falta de conhecimento de como funciona o microblog. Outros casos interessantes de má administração de Twitter, Facebook, entre outros, podem ser encontados no seguinte link: http://www.yogodoshi.com/blog/internet/cases-fail-midias-sociais.

A temática da cultura participativa através da transmidiação contempla uma série de discussões. Mas em suma, conclui-se que hoje a sociedade almeja participação e interação com instituições que antes se encontravam em um patamar reservado, longe da influência do público. Essa influência, por outro lado, tem sido muito usada de forma positiva pelas empresas para o seu próprio crescimento. Contudo, como tudo que é novo, a interatividade através das novas mídias deve ser realizada com cautela. Caso contrário, corre-se o risco de levar um #fail bem grande.

a narrativa transmídia está entre nós

Na aula de 5 de abril discutimos o capítulo Em busca do unicórcio de origami, do livro Cultura da Convergência de Henry Jenkins (2009). O assunto do texto, a narrativa transmídia, é introduzido por uma análise do filme Matrix (1999), pois “nunca uma franquia de filmes exigiu tanto de seus consumidores” (JENKINS, 2009, p. 136).

Matrix, Matrix Reloaded
(2003) e Matrix Revolutions (2003) formam uma narrativa construída através de diversos meios além do cinema, composta por histórias paralelas desenvolvidas nos games, em animações e quadrinhos ou até mesmo nos fóruns de discussões online. Segundo Jenkins (2009, p. 137), “Matrix é entretenimento para a era da convergência, integrando múltiplos textos para criar uma narrativa tão ampla que não pode ser contida em uma única mídia”.


Para o autor, Matrix atende ainda às formulações de Pierre Lévy, quando este diz que o entretenimento da era da inteligência coletiva deve estimular a decifração por parte dos consumidores, que assumem também o papel de elaboradores da narrativa.
Portanto, a narrativa transmídia pode ser definida como uma história que se “desenrola através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo” (JENKINS, 2009, p. 138). Embora todos os meios estejam convergindo para a mesma construção, cada narrativa deve ter autonomia, na medida em que não é necessário jogar o game para gostar dos quadrinhos, etc. Quando uma franquia desenvolve mais experiências para o consumidor (como cinema, games ou romances), provavelmente estará atraindo nichos de público diferentes e tornando mais fiel o público tradicional.


No mesmo ano do primeiro Matrix, assistimos ao fenômeno The Blair Witch Project, que também convergiu diversas mídias antes mesmo do anúncio de lançamento do filme. Jenkins (2009) aponta ainda uma das primeiras narrativas transmídia de sucesso na cultura contemporânea, a séria Star Wars (1977), que levou conteúdo novo da cronologia aos livros e a curtas-metragens.

Na cultura da convergência os consumidores podem atuar no processo de construção das narrativas, cooperativamente. Mas essa participação ainda é opcional, segundo Jenkins (2009). É possível que queiramos apenas observar os enredos se desenrolarem, sem buscarmos outros espaços para integir. Sendo assim, quando percebermos que algo ruidoso está acontecendo por trás de uma experiência, podemos simplesmente assistir. Ou participar.

Referência: JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo; Aleph, 2009.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Revolução do Conhecimento de Henry Jenkins

Vivemos em um mundo onde as informações fluem através de diferentes suportes midiáticos , que cooperam entre sí e permitem ao público liberdade de buscar e selecionar a informação que desejam. Henry Jenkis define esse fenômeno como uma Convergência dos Meios, que compreende não só transformações digitais, mas também culturais, mercadológicas e sociais que perpassam por nossas vidas desde o surgimento da cibercultura até o seu desenvolvimento tal qual como a conhecemos hoje. Jenkins utiliza-se do termo Cultura Participativa para definir a modificação comportamental dos consumidores nesse processo, que antes fadados à uma posição somente de receptores passivos de informação, passaram a ser agentes ativos e a interagir com as mídias. O caso do Jornal Zero Hora, como citado em sala de aula, exemplifica o estreitamento dessa relação espectador-veículo de informação, pois, há alguns anos, a participação do leitor no jornal se dava apenas em pequenos segmentos pouco signifcativos do Jornal, como a Coluna do Leitor. Com o passar dos anos e a expansão do Jornalismo Online, o leitor passou a atuar ativamente muitas vezes até na construção de matérias, como no caso de enchurradas que ocorreram na cidade de Porto Alegre e o jornal se valeu de informações enviadas pelas pessoas para definir que áreas estavam alagadas, qual a situação dos bairros, das avenidas..., enfim, sem essa interatividade, uma cobertura tão veloz e efetiva talvez jamais fosse possível. Em contraponto, existem discussões à respeito da credibilidade dessas informações, da maneira como deveriam ser agrupadas, selecionadas, etc.

A cultura da convergência não está apenas nas mídias, mas sim em todos os atores do processo comunicativo, incluindo os consumidores. A Inteligência Coletiva é definida pelo autor como o ‘burburinho’ provocado pelas conversas à respeito dessa informação espalhada e fragmentada que assimilamos através de diferentes canais. Eu posso não saber tudo sobre certo programa de computador, mas o meu conhecimento , aliado ao conhecimento parcial de outros gerará um conhecimento superior, numa espécie de cooperação e combinação de informações.

O New Orleans Experience do ano de 2003, nos EUA, foi uma conferência em que muito se discutiu a Convergência, mas pouco se concluiu à seu respeito. Apesar das expectativas dos participantes – economistas, empresários, publicitários - que queriam aprender ‘O jeito certo’, a formula mágica de investir e lucrar em seus negócios, o que ficou claro neste evento foi que a convergência estava por vir, mas era difícil e ninguém sabia ao certo como lidar com ela - seria necessário que todos trabalhassem juntos para descobrir.

Chamado de O Profeta da Convergência por Jenkis, Ithiel de Sola Pool é autor de um dos primeiros estudos à respeito da Cultura de Convergência, Technologies of Freedom, 1983. Ele defende que várias formas físicas diferentes surgiriam para transportar os mesmo serviços, e esses meios seriam regulados por regimes específicos. Temos com exemplo o Rádio, que apesar de ter perdido muito mercado para a indústria de Ipods, mp3 players, etc., ainda tem utilidade a um grupo específico de pessoas, por exemplo, que estão presas no trânsito e necessitam de informações à respeito da situação das estradas. Ele defende que a diferença entre Convergência e Revolução Digital é justamente o fato dos meios não se sobreporem, mas sim, se somarem, ainda que seus nichos de consumidores se modifiquem. Ele ainda alega que, ao contrário da idéia de uma Caixa Preta que agruparia todas as mídias que necessitamos, o que ocorreria seria uma Divergência de Hardwares. Já os Conteúdos, esses sim, iriam convergir.

Assim, podemos vislumbrar o surgimento de uma sociedade onde a participação do popular é cada vez mais intensa, ávida por novidades, barulhenta e com lealdade muitas vezes declinante, e, do outro lado da moeda, um mercado onde empresas e conglomerados de mídia possuem grandes oportunidades de expansão, mas que correm o risco de fragmentação ou erosão de seus mercados. Obviamente, esse é um processo que está ainda em vias de transformação, mas o que se pode afirmar até agora é que “a tecnologia aliada a natureza humana acabarão por impor uma pluralidade com muito mais vigor do que quaisquer vigor do que quaisquer leis que o congresso possa inventar”. E, aqueles que ainda não se apropriaram das mudanças latentes de nossa época acabarão ficando para trás. Podemos não saber exatamente o que está por vir, ou como lidar com as novas transformações, mas sabemos que teremos que arranjar um meio de enfrentá-las e solucioná-las. Resumindo, podemos não saber a resposta de tudo, mas sabemos as maneiras de encontrá-las... (nem que seja no Google!).


por Ana Carolina Steffens

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cultura da Convergência (aula do dia 30/03)

Em seu livro “A Cultura da Convergência”, Henry Jenkins explica e exemplifica como a cultura da convergência vem transformando as relações entre o consumidor e a mídia, e entre as mídias entre si.
Ele inicia o texto trazendo um fato ocorrido em 2001: um jovem lança uma montagem na internet relacionando o personagem Beto do seriado americano Vila Sésamo ao terrorista Osama Bin Laden. Depois de feito o upload, não se tem mais o absoluto controle sobre o conteúdo, e este passa a ser modificado a partir da interação com os outros usuários. “Quando as pessoas assumem o controle das mídias, os resultados podem ser maravilhosamente criativos, ou uma má notícia para todos os envolvidos”, afirma Jenkins. No exemplo acima, do seu próprio quarto o jovem desencadeou uma controvérsia internacional, já que suas imagens cruzaram o mundo, e inspiraram internautas a postarem outras montagens envolvendo os demais personagens do Vila Sésamo no estilo “Beto é do Mal”. Não há como controlar os internautas, Cicarelli e o seu vídeo picante na Espanha que o digam, afinal mesmo após este ser excluído inúmeras vezes e até o YouTube ficar fora do ar durante um dia inteiro, o vídeo já povoava o computador de diversos usuários e em seguida era postado novamente, com outro link e em outro site.
Jenkins traz também a Falácia da Caixa Preta, teoria onde os entusiastas da tecnologia afirmavam que os meios de comunicação seriam transformados em um único meio, uma caixa preta que faria todas as funções. Contudo, a TV não substituiu o rádio, nem a internet o jornal impresso ou os livros. Os meios de comunicação apenas reconfiguraram seu status e funções e começaram a atender necessidades e expectativas diferentes. “A cultura da convergência não é algo que vai acontecer um dia, quando tivermos banda larga suficiente ou quando descobrirmos a configuração correta dos aparelhos. Prontos ou não, já estamos vivendo uma cultura da convergência”, destaca o autor.
Outro ponto trazido pelo texto é a constante participação do internauta na construção / colaboração de conteúdos na web. A participação coletiva na geração de conteúdo ganha espaço na criação de sites como a Wikipédia, por exemplo, e também no auxílio aos impérios monolíticos de comunicação, já que os jornalistas não podem estar em todos lugares ao mesmo tempo. A tragédia ocorrida no Japão no mês de março, por exemplo, foi retratada a partir de inúmeros vídeos produzidos pelos celulares e câmeras digitais dos próprios cidadãos japoneses. A convergência, portanto, envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na forma de consumir os meios de comunicação.
Finalizando, Jenkins afirma que, ao mesmo tempo que a convergência representa uma oportunidade de expansão, a medida em que os conteúdos podem ser difundidos para vários suportes, representa também uma ameaça, já que cada vez mais as pessoas estão livres para “consumir” em outras mídias e suportes. Não existe mais aquela fidelidade de antigamente, hoje em dia trocar de operadora de celular é como trocar de roupa, assim como quando um espectador migra da televisão para a internet, há o risco de ele não voltar mais.

Por Isadora Barcellos