sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Territórios e Mobilidade


É difícil imaginar a cibercultura no século XXI sem pensar em mobilidade, porém ela não se refere somente ao espaço virtual. Também está presente ao caminharmos por um espaço físico e em nossos sonhos e pensamentos, no espaço imaginário de todos nós. Todos esses espaços estão conectados de diversas maneiras, sendo que transitamos por entre as barreiras deles mais do que pensamos. Esses territórios – ou espaços – constroem em conjunto o espaço simbólico, onde as trocas sociais e de informação acontecem. A junção do espaço eletrônico e do espaço físico resulta no território informacional, que tem como base a rede de conexões, onde cada um de nós é um ponto de informação.
Assim, Lemos (2006) propõe pensar em três questões cotidianas que não percebemos acontecer: (1) Desterritorialização, (2) Reterritorialização e (3) Des-re-territorialização.
(1) Desterritorialização: refere-se ao momento em que ultrapassamos a fronteira de um território, mudando em termos de processos, hábitos e práticas, dentro de contextos já estabelecidos. Ex.: a criação do celular como tecnologia de informação.
(2) Reterritorialização: consolidar o processo (1). Reorganizar o contexto de um sistema, combinando antigas e novas práticas. Ex.: a massificação do celular na sociedade, por considerá-lo item indispensável para comunicar-se.
(3) Des-re-territorialização: quando os processos (1) e (2) se repetem, após a entrada de uma nova tecnologia no contexto, por exemplo. Ex.: a inserção do serviço via rádio para celular.
E pensar que já tivemos o Nokia 5125...
Desse modo, o ciberespaço cria as linhas de fuga necessárias à desterritorialização, mas também cria espaços de reterritorialização como os blogs. A des-re-territorialização ganha espaço em campanhas pró-softwares livres, nas redes sociais, etc. “O que tem feito do ciberespaço um mecanismo de liberação da emissão, de reconfiguração cultural e de sociabilidade coletiva em rede é a potência para a criação de linhas de fuga em um espaço de controle informacional” (LEMOS, 2006, p.7). Com o processo (3), o ciberespaço proporciona diferentes práticas de trabalho, ineditismo em ideias virtuais, além de reconfigurar os relacionamentos pessoais/virtuais.
“Compreender a cibercultura só é possível a partir de um pensamento móvel, que dê visibilidade a processos de mobilidade urbana, de cidades globais e nomadismos informacionais” (LEMOS, 2006, p. 8-9). Vemos então que a mobilidade é fundamental para se pensar a comunicação em nosso cotidiano. Os potenciais de exploração pela comunicação da mobilidade é, sem dúvidas, um mercado próspero. Criação de aplicativos para tablets e celulares, oportunidades via SMS e sites móveis, além das redes sociais, abre um grande leque de chances e filões esperando para serem trabalhados. Ainda temos as mídias locativas (analógicas e digitais) como ferramentas úteis para a comunicação. Não podemos, entretanto, esquecer que no espaço virtual – principalmente – passamos por intensa vigilância e controle devido aos rastros deixados por nós (postagens, mensagens, indicações...). Já estamos nos policiando quanto ao teor desses rastros, mas ainda compartilhamos demasiadamente nossa vida no mundo virtual.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Interagindo


É interessante perceber como cooperação, competição e conflito coexistem, chegando ao ponto de atingirem o nível de conceitos definidores da interação humana. As limitações dentro desses conceitos tendem a pensar a ação de um homem como uma peça de catálogo, estamos vendo algo classificável e perceptível como um todo. Esse tipo de análise causa certa superficialidade dentro de uma ação e seus resultados enquanto vistos como produtos, tornando a percepção dos acontecimentos e relações limitada.
Alex Primo exprime em seu artigo Conflito e Cooperação em Interações Mediadas por Computador (2005) uma grande quantidade de conceitos, teses, citações e termos, e chega a uma conclusão inconclusiva: a pouca relevância dos conceitos de cooperação e conflito quando vemos as interações mediadas por computador ou até mesmo as interações sociais em um modo mais crítico e subjetivo, afinal, a cooperação e o conflito estariam tão submersos na relação social que vê-los como atividade recorrente aos conceitos seria um erro, estaríamos generalizando algo que é muito mais complexo, que vive em um eterno giro entre hostilidade e passividade. Para entrar mais fundo dentro do que é exposto no artigo, é válido citar alguns dos exemplos os quais Primo utiliza e até tentar aplicá-los a um cenário mais atual.
Um conflito onde uma página ridiculariza um usuário, mas que não deixa de ser cooperativo e competitivo (Preconceitos do dia a dia https://www.facebook.com/photo.php?fbid=284679821648684&set=a.169879966462004.35294.169862129797121&type=1&theater)

            A cooperação em geral corresponderia a seu conceito básico, ações de indivíduos em prol da realização de algo, e cooperar surge como uma atividade básica dentro da interação. Em um exemplo extremo podemos pensar em um internauta que descobre a existência de uma página no Facebook que denuncia outras páginas com mensagens machistas, ele pode cooperar com a página a partir de seu conhecimento denunciando as atividades as quais ele reconhece como machistas, assim interagindo e cooperando. Esse exemplo é o cúmulo do extremo da conceituação de “cooperação” dentro da interação, o exemplo não deixa de ser cooperação, mas o conceito é muito mais abrangente, o simples ato de responder uma mensagem recebida pode ser tratado como cooperação, pois ele pode estar realizando um produto. O conceito de conflito está na “luta”, no confrontamento de ideias, no simples contraponto. Qualquer briga em redes sociais na internet é exemplo. Uma abertura de tópico no nosso querido grupo da Fabico no Facebook sobre qualquer coisa que envolva questões políticas assim como boa parte do que acontece nos comentários das publicações no site da infame revista Veja.
A competição surge aqui como apenas positiva. Assim como Primo cita no texto os cientistas que competem e sempre vão chegar a um resultado novo que talvez leve bons efeitos a todos, mas que já será positivo simplesmente por ser novo, a competição só tem qualidade dentro da interação quando vemos ela de uma perspectiva quantitativa. A competição é o conflito que acontece sem a interação direta, mas que não deixa de ser uma interação. Seguindo com os exemplos de páginas do Facebook é só perceber a verdadeira “corrida” que hoje existe na criação de novas formas de conquistar o público, a criação de conteúdo está garantida, mas a qualidade não, mas talvez a estética não seja o ponto a ser visto aqui. As páginas interagem na simples realização mútua, e temos a incessante produção de conteúdo.
Os três níveis surgem separados, mas como já dito, coexistem. A interação é feita dos três, e eles acontecem a todo o momento. Compreendê-los é válido, mas o erro mora em querer julgar que tal ação é apenas conflituosa ou apenas cooperativa. Podemos conhecê-los e entendê-los separados, mas realmente percebemos o processo de interação quando os vemos juntos, como abstrações de características de uma ação, e não como a característica da ação em si.

Leonardo Baldessarelli

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O equilíbrio entre amor e bom senso


Em uma rede social, existem aspectos simples que, pelo menos no começo, soam como novidades: pessoas que já conhecemos e passam a ser amigos virtuais, pessoas cuja existência desconhecíamos e com quem podemos construir laços, oportunidades de conhecer novas referências de comportamento, cultura e qualquer outro assunto através dos "likes" e outras recomendações (links, textos...).

É um universo bem extenso e que nos exige bastante, sem que o fluxo de informações se interrompa. Quantas vezes você já se deparou com algumas coisas compartilhadas pelos seus contatos virtuais que provocaram a sensação de desconforto ou de vergonha alheia? Ou, quem sabe, pegando o exemplo de Stan Marsh em South Park: o número de pessoas que insistem em não fazer parte de nenhuma rede social pode ser considerado expressivo?


O que talvez seja mais frequente do que a inserção em uma rede social são os milhares de sites encontrados em uma simples busca no Google que se destinam a "educar" o usuário. As regras de etiqueta na internet ganharam até um nome próprio - netiqueta - e podem ser adaptadas para diversas mídias, ambientes e situações, até no casamento.

Zygmunt Bauman estabelece um comparativo entre bens materiais e pessoas em O Amor Líquido:
(...) automóveis, computadores ou telefones celulares perfeitamente usáveis, em bom estado e em condições de funcionamento satisfatórias são considerados, sem remorso, como um monte de lixo no instante em que "novas e aperfeiçoadas versões" aparecem nas lojas e se tornam o assunto do momento. Alguma razão para que as parcerias sejam consideradas uma exceção à regra?
Ainda que o amor, para Bauman, seja visto cada vez mais como algo fugaz, há alguma razão para a popularidade das postagens sobre netiqueta? Estas regras são seguidas? Se sim, qual o objetivo: aumentar ou manter o número de contatos/amigos?

A campanha pelo bom senso nas redes sociais não está só nos blogs, mas também na campanha feita pelo banco Bradesco sobre amizade, usuários reclamões e fotos de comidas (outros vídeos da série e dicas de etiqueta no Facebook aqui).



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Relacionamentos, Amizade, Transcendência Online

A relação usada na serie South Park para descrever a vivência e os relacionamentos online/offline, levanta uma questão se as amizades que fazemos crescer ao longo da vida antes das redes online, nos faz tornar não amigos quando o aparecimento destas. Até que ponto podemos leva-las para os dois lados da rede e manter de uma forma saudável as questões que suscitam pela relação que passa a ser presente para o mundo. Todas as informações/dados que colocas e partilhas para a tua rede suscita o comentário, o like e o encadeamento de conexões pode gerar situações que por vezes acabam por sair desta rede online e é transportada para o offline em que a rede pode quebrar nos dois sentidos.
Estudos revelam que estas redes provocam dependência, depressão e causa de rupturas de relacionamentos, como casamentos.
Como na serie, o Facebook, é representativo de uma rede social online que pode originar uma nova forma de depressão em crianças e jovens, como alertado pela American Academy of Pediatrics, que classifica este fenómeno como uma nova patologia associada às redes sociais: a "depressão Facebook".
Há aspectos do Facebook que podem tornar a rede social "agressiva" para crianças que já lidam com problemas de auto estima, a transposição do Bulling para o online. 
O registo de novos amigos, as actualizações de estado e as fotos felizes podem fazer com que algumas crianças e adolescentes se sintam mal por acharem que não estão à altura. Não é por serem situações que não tenham correspondência na vida real ou em ourto local. Mas na "rede" tudo adquire uma dimensão diferente como uma "visão distorcida" do mundo real.
No Facebook não há como ver as expressões faciais ou ler a linguagem corporal essenciais para perceber o contexto, as emoções (amor/rejeição) como abordava Baumen. A visão imagética é vista num sentido plano e não no todo como contexto dessa realidade.
O facto destas redes tornarem os relacionamentos mais flexíveis, óptimos lugares para novos convívios, reavivar velhas amizades ou até mesmo para encontrar um dador de rim. Mas a exposição a que os utilizadores se sujeitam durante os processos de convívio podem trazer consequências negativas, especialmente para aqueles que têm uma relação. 
A questão de 1 milhão R é saber como gerir todo o processamento social de informação digital e fazê- la detentora e merecedora de uma relação durável no tempo, aprendendo com as consequências de se viver online.
Se faltam ferramentas para entender o Mundo para lá do ecrã, onde tudo se passa, sobram razões para a depressão, divórcios, não relacionamentos, entre outros; que detonam a não iteração inter-pessoal, conferindo a cultura do sentimento uma visão negativa desta natureza emocional criada pelos laços sociais.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Redes sociais


Por: Débora Fraga Costa

O primeiro capítulo “No meio do Turbilhão”, do livro o Poder das Conexões, nos traz alguns fatos cotidianos que exemplificam a importância que as nossas relações com outras pessoas e como elas acabam nos afetando de maneira positiva ou negativa. Os autores do livro, Christakis e Fowler, explicam que as redes sociais sempre existiram e que elas são uma forma de conexão natural da sociedade. Assim, por afinidades ou simplesmente para atingir um objetivo em comum, acabamos nos aproximando e formando grupos com outras pessoas que partilham da mesma idéia ou do mesmo objetivo que nós.
Há vários tipos de redes sociais, todavia as interações entre os membros são ligadas por laços fracos ou laços fortes. Laços de amizade, de amor, profissionais, efêmeros, casuais irão constituir a rede de forma geral. Cada indivíduo conectado na rede terá diferentes laços com os outros integrantes, mas todos estarão conectados de alguma forma. No mundo online, cujo melhor exemplo são os sites de relacionamento, como no mundo off-line o poder de criar redes de conexão está no indivíduo. Nós temos o poder de formar conexões ligadas tanto por laços fortes como por laços fracas, e ambas são importantes. Obviamente, sabemos que cada indivíduo contribui no grupo, assim como o grupo também interfere no indivíduo.
A partir das várias situações problematizadas pelos autores podemos refletir sobre como as redes agem no âmbito profissional. Como Relações Públicas, percebemos a importância das relações interpessoais tanto para atingir metas, mas também para minimizar crises.  Ao lermos esse capítulo percebemos que as redes são importantes em qualquer meio profissional. Contudo na área de Comunicação as redes de relacionamento são imprescindíveis. O profissional de relações públicas precisa estar conectado com os funcionários de todos os setores da empresa, mesmo que algum desses setores não afete o seu trabalho diretamente.  Mais do que a simples transmissão de informações, a interação e o compartilhamento com a equipe pode ser o ponto chave entre o sucesso e o fracasso.  Atualmente as empresas têm os mesmos recursos físicos e o que as difere é a forma de se relacionar com seus stakeholders. Assim, não basta ter um ótimo produto ou uma marca consolidada se a equipe não tem um bom relacionamento e não compartilha dos mesmos objetivos. Algumas empresas ainda não entenderam que assim como elas afetam determinados grupos (stakeholders), esses também tem o poder de afetar (positiva ou negativamente) a sua estrutura. O sucesso de uma empresa, de uma organização ou de um projeto está muito ligado à sua rede, ou seja, a maneira como sua equipe está engajada (conectada) e como ela interage com seus públicos.