segunda-feira, 2 de maio de 2011

Processos sociais na palma da mão

Muito se fala das coisas virtuais, mas poucos sabem do que se trata e até que ponto esse universo que não vemos influencia a sociedade. A rotina contemporânea incorporou “facilidades necessárias” criadas a partir do desenvolvimento da tecnologia. Facilidades que dificilmente abrimos mão.

A mobilidade trouxe à tona questionamentos recorrentes sobre barreiras, fronteiras e todo um universo de marcas físicas a que estamos acostumados. Mas, e aquele espaço virtual ocupado por um pensamento transformado em palavras e defendido por seu autor? O que seria?

A apropriação de algo para tornar seu é ato de territorialização. O exemplo utilizado por André Lemos indica que, a pedra bruta, trabalhada pela mão do homem e transformada em utensílio, foi reterritorializada. Saiu do território da natureza, passou para o território humano. A pedra deixa de ser pedra para ser um utensílio. É assim que a humanidade cria e delimita os seus espaços.

Lemos afirma que “criar um território é se apropriar, material e simbolicamente, das diversas dimensões da vida”. Já a desterritorialização é o oposto, um processo social antípoda que combate a territorialização, re-significando-a de formas diferentes e, assim, produzindo o movimento que impulsiona a humanidade.

As justaposições metafóricas de Lucia Santaella, inspiradas em Deleuze e Guattari, presença-ausência, público-privado e segregação-dispersão, em parte elucidam atitudes cotidianas que temos. O nomadismo permitido por tecnologias como a telefonia móvel, via celulares que cabem na palma da mão, torna o indivíduo presente em lugares onde não está. O simples acesso a internet o torna instantâneo a distâncias antes inconcebíveis.

Embora a demarcação de espaços físicos hoje se dê de maneira muito mais criativa, a mídia locativa ainda é muito presente. Lemos a define como “conjunto de tecnologias e processos info-comunicacionais cujo conteúdo informacional vincula-se a um lugar específico”. Este conjunto proporciona a formação de cibercidades e ciberurbes, dentro de territórios informacionais que se movem em processos de territorializações, desterritorializações, re-territorializações e des-re-territorializações.

A fim de não cair num “determinismo tecnológico”, Lemos adverte que as tecnologias “podem criar processos desterritorializantes, mas não estão garantidos pelo simples uso dos artefatos”. Afinal, esses movimentos são processos sociais, não naturais.

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