terça-feira, 5 de abril de 2011

A Revolução do Conhecimento de Henry Jenkins

Vivemos em um mundo onde as informações fluem através de diferentes suportes midiáticos , que cooperam entre sí e permitem ao público liberdade de buscar e selecionar a informação que desejam. Henry Jenkis define esse fenômeno como uma Convergência dos Meios, que compreende não só transformações digitais, mas também culturais, mercadológicas e sociais que perpassam por nossas vidas desde o surgimento da cibercultura até o seu desenvolvimento tal qual como a conhecemos hoje. Jenkins utiliza-se do termo Cultura Participativa para definir a modificação comportamental dos consumidores nesse processo, que antes fadados à uma posição somente de receptores passivos de informação, passaram a ser agentes ativos e a interagir com as mídias. O caso do Jornal Zero Hora, como citado em sala de aula, exemplifica o estreitamento dessa relação espectador-veículo de informação, pois, há alguns anos, a participação do leitor no jornal se dava apenas em pequenos segmentos pouco signifcativos do Jornal, como a Coluna do Leitor. Com o passar dos anos e a expansão do Jornalismo Online, o leitor passou a atuar ativamente muitas vezes até na construção de matérias, como no caso de enchurradas que ocorreram na cidade de Porto Alegre e o jornal se valeu de informações enviadas pelas pessoas para definir que áreas estavam alagadas, qual a situação dos bairros, das avenidas..., enfim, sem essa interatividade, uma cobertura tão veloz e efetiva talvez jamais fosse possível. Em contraponto, existem discussões à respeito da credibilidade dessas informações, da maneira como deveriam ser agrupadas, selecionadas, etc.

A cultura da convergência não está apenas nas mídias, mas sim em todos os atores do processo comunicativo, incluindo os consumidores. A Inteligência Coletiva é definida pelo autor como o ‘burburinho’ provocado pelas conversas à respeito dessa informação espalhada e fragmentada que assimilamos através de diferentes canais. Eu posso não saber tudo sobre certo programa de computador, mas o meu conhecimento , aliado ao conhecimento parcial de outros gerará um conhecimento superior, numa espécie de cooperação e combinação de informações.

O New Orleans Experience do ano de 2003, nos EUA, foi uma conferência em que muito se discutiu a Convergência, mas pouco se concluiu à seu respeito. Apesar das expectativas dos participantes – economistas, empresários, publicitários - que queriam aprender ‘O jeito certo’, a formula mágica de investir e lucrar em seus negócios, o que ficou claro neste evento foi que a convergência estava por vir, mas era difícil e ninguém sabia ao certo como lidar com ela - seria necessário que todos trabalhassem juntos para descobrir.

Chamado de O Profeta da Convergência por Jenkis, Ithiel de Sola Pool é autor de um dos primeiros estudos à respeito da Cultura de Convergência, Technologies of Freedom, 1983. Ele defende que várias formas físicas diferentes surgiriam para transportar os mesmo serviços, e esses meios seriam regulados por regimes específicos. Temos com exemplo o Rádio, que apesar de ter perdido muito mercado para a indústria de Ipods, mp3 players, etc., ainda tem utilidade a um grupo específico de pessoas, por exemplo, que estão presas no trânsito e necessitam de informações à respeito da situação das estradas. Ele defende que a diferença entre Convergência e Revolução Digital é justamente o fato dos meios não se sobreporem, mas sim, se somarem, ainda que seus nichos de consumidores se modifiquem. Ele ainda alega que, ao contrário da idéia de uma Caixa Preta que agruparia todas as mídias que necessitamos, o que ocorreria seria uma Divergência de Hardwares. Já os Conteúdos, esses sim, iriam convergir.

Assim, podemos vislumbrar o surgimento de uma sociedade onde a participação do popular é cada vez mais intensa, ávida por novidades, barulhenta e com lealdade muitas vezes declinante, e, do outro lado da moeda, um mercado onde empresas e conglomerados de mídia possuem grandes oportunidades de expansão, mas que correm o risco de fragmentação ou erosão de seus mercados. Obviamente, esse é um processo que está ainda em vias de transformação, mas o que se pode afirmar até agora é que “a tecnologia aliada a natureza humana acabarão por impor uma pluralidade com muito mais vigor do que quaisquer vigor do que quaisquer leis que o congresso possa inventar”. E, aqueles que ainda não se apropriaram das mudanças latentes de nossa época acabarão ficando para trás. Podemos não saber exatamente o que está por vir, ou como lidar com as novas transformações, mas sabemos que teremos que arranjar um meio de enfrentá-las e solucioná-las. Resumindo, podemos não saber a resposta de tudo, mas sabemos as maneiras de encontrá-las... (nem que seja no Google!).


por Ana Carolina Steffens

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