domingo, 10 de abril de 2011

a narrativa transmídia está entre nós

Na aula de 5 de abril discutimos o capítulo Em busca do unicórcio de origami, do livro Cultura da Convergência de Henry Jenkins (2009). O assunto do texto, a narrativa transmídia, é introduzido por uma análise do filme Matrix (1999), pois “nunca uma franquia de filmes exigiu tanto de seus consumidores” (JENKINS, 2009, p. 136).

Matrix, Matrix Reloaded
(2003) e Matrix Revolutions (2003) formam uma narrativa construída através de diversos meios além do cinema, composta por histórias paralelas desenvolvidas nos games, em animações e quadrinhos ou até mesmo nos fóruns de discussões online. Segundo Jenkins (2009, p. 137), “Matrix é entretenimento para a era da convergência, integrando múltiplos textos para criar uma narrativa tão ampla que não pode ser contida em uma única mídia”.


Para o autor, Matrix atende ainda às formulações de Pierre Lévy, quando este diz que o entretenimento da era da inteligência coletiva deve estimular a decifração por parte dos consumidores, que assumem também o papel de elaboradores da narrativa.
Portanto, a narrativa transmídia pode ser definida como uma história que se “desenrola através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo” (JENKINS, 2009, p. 138). Embora todos os meios estejam convergindo para a mesma construção, cada narrativa deve ter autonomia, na medida em que não é necessário jogar o game para gostar dos quadrinhos, etc. Quando uma franquia desenvolve mais experiências para o consumidor (como cinema, games ou romances), provavelmente estará atraindo nichos de público diferentes e tornando mais fiel o público tradicional.


No mesmo ano do primeiro Matrix, assistimos ao fenômeno The Blair Witch Project, que também convergiu diversas mídias antes mesmo do anúncio de lançamento do filme. Jenkins (2009) aponta ainda uma das primeiras narrativas transmídia de sucesso na cultura contemporânea, a séria Star Wars (1977), que levou conteúdo novo da cronologia aos livros e a curtas-metragens.

Na cultura da convergência os consumidores podem atuar no processo de construção das narrativas, cooperativamente. Mas essa participação ainda é opcional, segundo Jenkins (2009). É possível que queiramos apenas observar os enredos se desenrolarem, sem buscarmos outros espaços para integir. Sendo assim, quando percebermos que algo ruidoso está acontecendo por trás de uma experiência, podemos simplesmente assistir. Ou participar.

Referência: JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo; Aleph, 2009.

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