segunda-feira, 4 de abril de 2011

Cultura da Convergência (aula do dia 30/03)

Em seu livro “A Cultura da Convergência”, Henry Jenkins explica e exemplifica como a cultura da convergência vem transformando as relações entre o consumidor e a mídia, e entre as mídias entre si.
Ele inicia o texto trazendo um fato ocorrido em 2001: um jovem lança uma montagem na internet relacionando o personagem Beto do seriado americano Vila Sésamo ao terrorista Osama Bin Laden. Depois de feito o upload, não se tem mais o absoluto controle sobre o conteúdo, e este passa a ser modificado a partir da interação com os outros usuários. “Quando as pessoas assumem o controle das mídias, os resultados podem ser maravilhosamente criativos, ou uma má notícia para todos os envolvidos”, afirma Jenkins. No exemplo acima, do seu próprio quarto o jovem desencadeou uma controvérsia internacional, já que suas imagens cruzaram o mundo, e inspiraram internautas a postarem outras montagens envolvendo os demais personagens do Vila Sésamo no estilo “Beto é do Mal”. Não há como controlar os internautas, Cicarelli e o seu vídeo picante na Espanha que o digam, afinal mesmo após este ser excluído inúmeras vezes e até o YouTube ficar fora do ar durante um dia inteiro, o vídeo já povoava o computador de diversos usuários e em seguida era postado novamente, com outro link e em outro site.
Jenkins traz também a Falácia da Caixa Preta, teoria onde os entusiastas da tecnologia afirmavam que os meios de comunicação seriam transformados em um único meio, uma caixa preta que faria todas as funções. Contudo, a TV não substituiu o rádio, nem a internet o jornal impresso ou os livros. Os meios de comunicação apenas reconfiguraram seu status e funções e começaram a atender necessidades e expectativas diferentes. “A cultura da convergência não é algo que vai acontecer um dia, quando tivermos banda larga suficiente ou quando descobrirmos a configuração correta dos aparelhos. Prontos ou não, já estamos vivendo uma cultura da convergência”, destaca o autor.
Outro ponto trazido pelo texto é a constante participação do internauta na construção / colaboração de conteúdos na web. A participação coletiva na geração de conteúdo ganha espaço na criação de sites como a Wikipédia, por exemplo, e também no auxílio aos impérios monolíticos de comunicação, já que os jornalistas não podem estar em todos lugares ao mesmo tempo. A tragédia ocorrida no Japão no mês de março, por exemplo, foi retratada a partir de inúmeros vídeos produzidos pelos celulares e câmeras digitais dos próprios cidadãos japoneses. A convergência, portanto, envolve uma transformação tanto na forma de produzir quanto na forma de consumir os meios de comunicação.
Finalizando, Jenkins afirma que, ao mesmo tempo que a convergência representa uma oportunidade de expansão, a medida em que os conteúdos podem ser difundidos para vários suportes, representa também uma ameaça, já que cada vez mais as pessoas estão livres para “consumir” em outras mídias e suportes. Não existe mais aquela fidelidade de antigamente, hoje em dia trocar de operadora de celular é como trocar de roupa, assim como quando um espectador migra da televisão para a internet, há o risco de ele não voltar mais.

Por Isadora Barcellos

Um comentário:

  1. Isadora, excelente a tua "tradução" do conteúdo visto na última aula. É muito bacana saber o quanto podemos e devemos contribuir para a construção da informação junto com as mídias corporativas através do processo colaborativo. Aliás, é nisso que as mídias tradicionais deveriam apostar para evitar a ameaça que Jenkins cita e tu relembras, de que hoje os consumidores têm muito mais opções de migração: deixar aberto o acesso para esta contribuição é uma forma de fidelizar o leitor, o consumidor, que quer e deve participar da construção da informação que consome, e não apenas esperá-la no sistema fast food, do outro lado do balcão. ;)

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