quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Interagindo


É interessante perceber como cooperação, competição e conflito coexistem, chegando ao ponto de atingirem o nível de conceitos definidores da interação humana. As limitações dentro desses conceitos tendem a pensar a ação de um homem como uma peça de catálogo, estamos vendo algo classificável e perceptível como um todo. Esse tipo de análise causa certa superficialidade dentro de uma ação e seus resultados enquanto vistos como produtos, tornando a percepção dos acontecimentos e relações limitada.
Alex Primo exprime em seu artigo Conflito e Cooperação em Interações Mediadas por Computador (2005) uma grande quantidade de conceitos, teses, citações e termos, e chega a uma conclusão inconclusiva: a pouca relevância dos conceitos de cooperação e conflito quando vemos as interações mediadas por computador ou até mesmo as interações sociais em um modo mais crítico e subjetivo, afinal, a cooperação e o conflito estariam tão submersos na relação social que vê-los como atividade recorrente aos conceitos seria um erro, estaríamos generalizando algo que é muito mais complexo, que vive em um eterno giro entre hostilidade e passividade. Para entrar mais fundo dentro do que é exposto no artigo, é válido citar alguns dos exemplos os quais Primo utiliza e até tentar aplicá-los a um cenário mais atual.
Um conflito onde uma página ridiculariza um usuário, mas que não deixa de ser cooperativo e competitivo (Preconceitos do dia a dia https://www.facebook.com/photo.php?fbid=284679821648684&set=a.169879966462004.35294.169862129797121&type=1&theater)

            A cooperação em geral corresponderia a seu conceito básico, ações de indivíduos em prol da realização de algo, e cooperar surge como uma atividade básica dentro da interação. Em um exemplo extremo podemos pensar em um internauta que descobre a existência de uma página no Facebook que denuncia outras páginas com mensagens machistas, ele pode cooperar com a página a partir de seu conhecimento denunciando as atividades as quais ele reconhece como machistas, assim interagindo e cooperando. Esse exemplo é o cúmulo do extremo da conceituação de “cooperação” dentro da interação, o exemplo não deixa de ser cooperação, mas o conceito é muito mais abrangente, o simples ato de responder uma mensagem recebida pode ser tratado como cooperação, pois ele pode estar realizando um produto. O conceito de conflito está na “luta”, no confrontamento de ideias, no simples contraponto. Qualquer briga em redes sociais na internet é exemplo. Uma abertura de tópico no nosso querido grupo da Fabico no Facebook sobre qualquer coisa que envolva questões políticas assim como boa parte do que acontece nos comentários das publicações no site da infame revista Veja.
A competição surge aqui como apenas positiva. Assim como Primo cita no texto os cientistas que competem e sempre vão chegar a um resultado novo que talvez leve bons efeitos a todos, mas que já será positivo simplesmente por ser novo, a competição só tem qualidade dentro da interação quando vemos ela de uma perspectiva quantitativa. A competição é o conflito que acontece sem a interação direta, mas que não deixa de ser uma interação. Seguindo com os exemplos de páginas do Facebook é só perceber a verdadeira “corrida” que hoje existe na criação de novas formas de conquistar o público, a criação de conteúdo está garantida, mas a qualidade não, mas talvez a estética não seja o ponto a ser visto aqui. As páginas interagem na simples realização mútua, e temos a incessante produção de conteúdo.
Os três níveis surgem separados, mas como já dito, coexistem. A interação é feita dos três, e eles acontecem a todo o momento. Compreendê-los é válido, mas o erro mora em querer julgar que tal ação é apenas conflituosa ou apenas cooperativa. Podemos conhecê-los e entendê-los separados, mas realmente percebemos o processo de interação quando os vemos juntos, como abstrações de características de uma ação, e não como a característica da ação em si.

Leonardo Baldessarelli

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