domingo, 5 de junho de 2011

Celebridades e microcelebridades

Dando continuidade ao tema "celebridades", na aula do dia
31/05 trabalhamos os textos de Adriana Braga e Susan Liesenberg.
Em "Microcelebridades - entre os meios digitais e massivos", Adriana Braga aborda a temática
das pessoas que fazem sucesso na web de alguma forma e destacam-se o suficiente para atrair a atenção das mídias massivas. A autora usa dois exemplos para tratar do assunto: o blog Mothern e a "tuiteira" Tessália Serighelli.
Mothern foi um blog criado em meados de 2006 por duas mulheres, Juliana Sampaio e Laura Guimarães, que objetivavam debater assuntos pertinentes à vida da mulher e mãe moderna. O blog fez sucesso e os textos da web foram publicados em livro, o qual chamou a atenção de uma produtora de tv, que desejava adaptar a obra a um seriado homônimo a ser exibido no canal GNT.
Concedida a autorização para isso, a participação das blogueiras na concepção do seriado limitou-se à consultoria, sem poder sobre o elenco, roteiro ou argumento. A sugestão de papéis de mulheres homossexuais, negras ou fora do padrão de beleza, por exemplo, sugerida pelas autoras, foi vetada pela produção, que optou por retratar a vida de quatro mulheres brancas, magras, bonitas e ricas.
Assim, ainda que a exibição do seriado tenha trazido notoriedade para as blogueiras, com a adaptação do blog para a televisão, elas perderam a autoridade em produção de conteúdos que possuíam na internet para tornarem-se meras colaboradoras com a série a que deram origem. É uma situação que simboliza a problemática da interação entre meios digitais e massivos, principalmente, como diz a autora, no que tange à relação de poder entre produtores de conteúdos de cada um dos meios.
O exemplo de Tessália deu-se de forma semelhante. A jovem curitibana possuía um perfil no Twitter que contava com muitos followers - conquistados, diga-se de passagem, através de scripts, linha de comando computacional do Twitter que permite, ao seguir automaticamente milhares de pessoas, angariar reciprocidade de "seguidores", o que seria considerado pouco "honesto". De qualquer forma, isso chamou a atenção de jornais, revistas e até da televisão. Boninho, diretor do programa Big Brother Brasil, convidou Tessália para participar do programa a fim de colocar o reallity show em evidência também nas novas mídias.
Após apenas três semanas no programa, Tessália foi eliminada em um paredão triplo de votação histórica: 78% dos 32 milhões de votos pediam sua eliminação. A postura de "jogadora assumida" e o suposto sexo oral que a moça vez em Michel, participante que possuía namorada fora da casa, fizeram com que Tessália fosse rotulada como uma das maiores vilãs que o programa já teve.
Ao contrário de Juliana Sampaio e Laura Guimarães. no entanto, "Tess"não procurou se adaptar à mídia massiva. Acusada de ter "esnobado" a televisão, não lhe restaram outras alternativas para manter-se nas grandes mídias que não fossem revistas ou filmes masculinos.
A partir disso, e ainda de acordo com Adriana Braga, é possível chegar a algumas conclusões: microcelebridades da web não encontram nas grandes mídias o mesmo poder de autoridade que recebem nas mídias digitais. No entanto, essa "transmidiação" da web para as mídias massivas é considerada valiosa para aqueles que pertencem à primeira. Além disso, os grandes meios de comunicação de massa não estão dispostos a adaptar-se ao contexto das microcelebridades. Como vimos no caso Mothern, em troca de um pequeno lucro financeiro, as blogueiras mergulharam nas novas mídias a preço de abandonarem a proposta inicial do blog que originou o seriado homônimo no GNT. Tessália, por outro lado, ainda que tenha aceitado mostrar-se na tv, não cedeu à permanência neste meio que só lhe prometia propostas humilhantes de continuidade de carreira.
O segundo texto, da professora Susan Liesenberg, fala sobre a influência dos blogs na cons
trução de celebridades. Atualmente, devido ao ferramental disponobilizado na Web 2.0, é possível que qualquer indivíduo seja produtor de conteúdo on-line, publicado principalmente em sites como YouTube, MySpace, Facebook, Orkut, entre outros. Exemplo disso é a menina Stefhany e seus videoclipes.
Stefhany chamou a atenção da grande mídia quando seu clipe caseiro "Eu sou Stefhany", que todos aqui conhecemos, foi publicado, com link para o Youtube, no blog Papel Pop, especializado em satirizar celebridades e postar vídeos e fotos curiosos.
O site, que até então possuía poucas visualizações apenas da produção, algumas horas após a publicação do post registrou mais de 10 mil visitas. Logo passaram a ser contabilizados por volta de 70 mil acessos diários, e o blog passou a ser cada vez mais comentado, divulgado e procurado.
Este é apenas um exemplo entre muitos outros que confirmam uma tendência cada vez mais presente: os blogs tornaram-se filtros que publicam os conteúdos amadores mais relevantes para o público. Esses "filtros" são interessantes para que as mídias massivas encontrem personalidades que tenham potencial para fazer sucesso também nos meios clássicos. Foi o que aconteceu com Stefhany, que após o sucesso na internet, participou de programas de televisão de grande visibilidade, como Gugu e Caldeirão do Huck.

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