É difícil imaginar a cibercultura no século XXI sem
pensar em mobilidade, porém ela não se
refere somente ao espaço virtual. Também está presente ao caminharmos por um
espaço físico e em nossos sonhos e pensamentos, no espaço imaginário de todos
nós. Todos esses espaços estão conectados de diversas maneiras, sendo que
transitamos por entre as barreiras deles mais do que pensamos. Esses
territórios – ou espaços – constroem em conjunto o espaço simbólico, onde as
trocas sociais e de informação acontecem. A junção do espaço eletrônico e do
espaço físico resulta no território informacional, que tem como base a rede de
conexões, onde cada um de nós é um ponto de informação.
Assim, Lemos (2006) propõe pensar em três questões
cotidianas que não percebemos acontecer: (1) Desterritorialização, (2)
Reterritorialização e (3) Des-re-territorialização.
(1) Desterritorialização: refere-se ao momento em que
ultrapassamos a fronteira de um território, mudando em termos de processos,
hábitos e práticas, dentro de contextos já estabelecidos. Ex.: a criação do
celular como tecnologia de informação.
(2) Reterritorialização: consolidar o processo (1).
Reorganizar o contexto de um sistema, combinando antigas e novas práticas. Ex.:
a massificação do celular na sociedade, por considerá-lo item indispensável
para comunicar-se.
(3) Des-re-territorialização: quando os processos (1)
e (2) se repetem, após a entrada de uma nova tecnologia no contexto, por
exemplo. Ex.: a inserção do serviço via rádio para celular.
E pensar que já tivemos o Nokia 5125... |
Desse modo, o ciberespaço cria as linhas de fuga
necessárias à desterritorialização, mas também cria espaços de
reterritorialização como os blogs. A des-re-territorialização ganha espaço em
campanhas pró-softwares livres, nas
redes sociais, etc. “O que tem feito do ciberespaço um mecanismo de liberação
da emissão, de reconfiguração cultural e de sociabilidade coletiva em rede é a
potência para a criação de linhas de fuga em um espaço de controle
informacional” (LEMOS, 2006, p.7). Com o processo (3), o ciberespaço
proporciona diferentes práticas de trabalho, ineditismo em ideias virtuais,
além de reconfigurar os relacionamentos pessoais/virtuais.
“Compreender a cibercultura só é possível a partir de
um pensamento móvel, que dê visibilidade a processos de mobilidade urbana, de
cidades globais e nomadismos informacionais” (LEMOS, 2006, p. 8-9). Vemos então
que a mobilidade é fundamental para se pensar a comunicação em nosso cotidiano.
Os potenciais de exploração pela comunicação da mobilidade é, sem dúvidas, um
mercado próspero. Criação
de aplicativos para tablets e
celulares, oportunidades via SMS e sites móveis, além das redes sociais, abre
um grande leque de chances e filões esperando para serem trabalhados. Ainda temos
as mídias locativas
(analógicas e digitais) como ferramentas úteis para a comunicação. Não podemos,
entretanto, esquecer que no espaço virtual – principalmente – passamos por
intensa vigilância e controle devido aos rastros deixados por nós (postagens,
mensagens, indicações...). Já estamos nos policiando quanto ao teor desses
rastros, mas ainda compartilhamos demasiadamente nossa vida no mundo virtual.
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