É interessante
perceber como cooperação, competição e conflito coexistem, chegando ao ponto de
atingirem o nível de conceitos definidores da interação humana. As limitações
dentro desses conceitos tendem a pensar a ação de um homem como uma peça de
catálogo, estamos vendo algo classificável e perceptível como um todo. Esse
tipo de análise causa certa superficialidade dentro de uma ação e seus
resultados enquanto vistos como produtos, tornando a percepção dos
acontecimentos e relações limitada.
Alex Primo exprime
em seu artigo Conflito e Cooperação em
Interações Mediadas por Computador (2005) uma grande quantidade de
conceitos, teses, citações e termos, e chega a uma conclusão inconclusiva: a
pouca relevância dos conceitos de cooperação e conflito quando vemos as
interações mediadas por computador ou até mesmo as interações sociais em um
modo mais crítico e subjetivo, afinal, a cooperação e o conflito estariam tão submersos
na relação social que vê-los como atividade recorrente aos conceitos seria um
erro, estaríamos generalizando algo que é muito mais complexo, que vive em um
eterno giro entre hostilidade e passividade. Para entrar mais fundo dentro do
que é exposto no artigo, é válido citar alguns dos exemplos os quais Primo
utiliza e até tentar aplicá-los a um cenário mais atual.
Um conflito onde uma página ridiculariza um usuário, mas que não deixa de ser cooperativo e competitivo (Preconceitos do dia a dia https://www.facebook.com/photo.php?fbid=284679821648684&set=a.169879966462004.35294.169862129797121&type=1&theater) |
A
cooperação em geral corresponderia a seu conceito básico, ações de indivíduos em
prol da realização de algo, e cooperar surge como uma atividade básica dentro da
interação. Em um exemplo extremo podemos pensar em um internauta que descobre a
existência de uma página no Facebook
que denuncia outras páginas com mensagens machistas, ele pode cooperar com a
página a partir de seu conhecimento denunciando as atividades as quais ele
reconhece como machistas, assim interagindo e cooperando. Esse exemplo é o
cúmulo do extremo da conceituação de “cooperação” dentro da interação, o
exemplo não deixa de ser cooperação, mas o conceito é muito mais abrangente,
o simples ato de responder uma mensagem recebida pode ser tratado como cooperação, pois
ele pode estar realizando um produto. O conceito de conflito está na “luta”, no confrontamento de ideias, no simples
contraponto. Qualquer briga em redes sociais na internet é exemplo. Uma
abertura de tópico no nosso querido grupo da Fabico no Facebook sobre qualquer coisa que envolva questões políticas assim
como boa parte do que acontece nos comentários das publicações no site da
infame revista Veja.
A competição
surge aqui como apenas positiva. Assim como Primo cita no texto os cientistas
que competem e sempre vão chegar a um resultado novo que talvez leve bons
efeitos a todos, mas que já será positivo simplesmente por ser novo, a
competição só tem qualidade dentro da interação quando vemos ela de uma
perspectiva quantitativa. A competição é o conflito que acontece sem a
interação direta, mas que não deixa de ser uma interação. Seguindo com os
exemplos de páginas do Facebook é só
perceber a verdadeira “corrida” que hoje existe na criação de novas formas de
conquistar o público, a criação de conteúdo está garantida, mas a qualidade
não, mas talvez a estética não seja o ponto a ser visto aqui. As páginas
interagem na simples realização mútua, e temos a incessante produção de conteúdo.
Os três níveis
surgem separados, mas como já dito, coexistem. A interação é feita dos três, e
eles acontecem a todo o momento. Compreendê-los é válido, mas o erro mora em
querer julgar que tal ação é apenas conflituosa ou apenas cooperativa. Podemos
conhecê-los e entendê-los separados, mas realmente percebemos o processo de
interação quando os vemos juntos, como abstrações de características de uma
ação, e não como a característica da ação em si.
Leonardo Baldessarelli
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